A leitura em tempos de pandemia

Na universidade onde eu e minha esposa fizemos nossas carreiras, participamos de um projeto de extensão universitária chamado “Empréstimo Solidário de Livros”, nos anos de 2017 a 2019. A ideia era bem simples: constituir por meio de doações, um acervo de livros não acadêmicos (romances, contos, biografias, poesias etc.) e deixá-los a disposição para a população em pontos estratégicos da universidade. O projeto, com ajuda de algumas alunas muito dedicadas, caiu no gosto da comunidade e o acervo cresceu.

A graça do projeto era o pouco controle e a auto gestão. Cada pessoa poderia pegar o que quisesse, ficar o quanto quisesse com os livros e depois devolvê-lo à própria estante onde o retirou. Além da boa aceitação, ressalte-se que poucas perdas de acervos foram registradas. Isso até 2019. Agora os tempos são outros.

Mulher procura por livros em Budapest. Ver no original.

Livros impressos são artefatos de papel. Podem durar séculos, como observou Umberto Eco em seu Não contem com o fim do livro, mas como qualquer objeto de uso pessoal, nos tempos atuais precisa passar por algum procedimento de limpeza especial antes de passar de uma pessoa para outra. Esse cuidado extra é um bom desafio a ideias altruístas como a dessa iniciativa. Quem se arrisca, hoje em dia, a pegar, manusear e levar para casa um livro “deixado” em um banco de praça, como já foi costume em vários momentos? O próprio hábito de ler frequentando acervos públicos fica em suspeição quando a recomendação mundial para manter sua saúde (e vida!) é ficar em casa saindo o mínimo possível.

Nesse contexto novo e nada agradável, cresce a utilidade de ler sem contato externo. Aqueles que podem contar com algum tipo de dispositivo de leitura, que pode ser desde um sofisticado ereader de última geração ou mesmo um smartphone com aplicativo de leitura, devem aproveitar o momento para reverem suas bibliotecas digitais. Milhares de boas leituras podem ser encontradas na internet, seja por meio de arquivos pagos, os ebooks profissionalmente preparados e vendidos pelas editoras, a simples conteúdos livres de copyright produzidos por universidades e outras instituições. Nunca ouve um momento tão propício para estudos e leituras domésticas e, felizmente, a internet pode, ao menos em parte, substituir àquela outrora tão prazerosa ida a livraria ou biblioteca.

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