CASTRO, Giovana. Psicopatas do Cinema: Uma análise da mais perversa patologia na sétima arte. Editora FoxTablet. 2014.

A obra de Giovana Castro é embasada em uma análise de famosos assassinos retratados no cinema, como Hannibal Lecter, Norman Bates, John Kramer, Patrick Bateman, e muitos outros personagens, por meio de uma ótica psicanalítica realista, através da experiência profissional da autora em contraste com o conhecimento atual da área psicológica em relação ao transtorno de personalidade e a representação irreal deste no cinema.
O livro é estruturado através de uma narrativa em terceira pessoa, construindo um aspecto de artigo/revista, fundamentada principalmente na psicologia analítica, que por consequência recorre constantemente aos estudos de Sigmund Freud e similares de maneira coesa, objetiva e didática. Na qual, de maneira teórica e contínua é apresentado para o leitor, tanto o início da psicanálise e a psicologia em relação aos transtornos de personalidade, quanto à comparação destes com a realidade psicológica contemporânea.
O desenvolvimento do livro traz uma desconstrução dos estereótipos de transtornos psicológicos reforçados em ficções de terror populares em nossa sociedade, onde a desumanização do humano que comete um crime hediondo, tanto na vida real quanto no cinema, é iniciado com o afastamento da imagem deste com a humanidade, caracterizando-os como “monstros”, seres irracionais, frios e cruéis. Porém, como de objetivo da escritora, esses estereótipos são refutados, com concepções sobre a consciência e a psicologia analítica moderna. Enfatizando a necessidade da dissociação do ser psicopata ao ser assassino, em que a autora reforça que a porcentagem atual reconhecida como psicopata em nossa sociedade não está ligada as representações “hollywoodianas”, onde essas são capazes de conviver em nosso cotidiano de maneira “comum”.
A autora também trabalha na crítica à romantização de transtornos e os relacionamentos destrutivos nas representações cinematográficas, alegando a influência e a alienação da sociedade através destes em relação aos transtornos na vida real. Contudo, o livro apresenta um conteúdo de fácil entendimento e promove reflexão sobre a influência cinematográfica em relação às concepções de saúde mental, transtornos e até mesmo relacionamentos contemporâneos, sem a utilização de um repertório técnico, mas ainda assim fundamentado por estudos reconhecidos na área da psicologia. Para amantes de psicologia analítica, esse livro seria um ótimo passatempo, porém se o seu desejo é apenas uma leitura sórdida com detalhes sobre assassinatos e serial killer, recomendo procurar alguns documentários, séries e afins.
Bruna Luciana Valle é acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
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