O Alienista por Caleb Carr

CARR, Caleb. O Alienista. Editora Record. 1995.

“O Alienista” é uma obra pioneira do gênero de ficção policial e mistério, que nos imerge no mundo dos fenômenos de assassinatos, onde a história da criminalidade se desenvolve no final do século XIX, mais precisamente no ano de 1896, na cidade de New York. A construção da obra foi fundamentada em uma rigorosa pesquisa focada em assassinatos em séries (serial killer), embasados em estudos como os do Dr. David Abrahmsen, que realizou estudos sobre o famoso Jack, O estripador, e grandes escritores de ficção como Colin Wilson, Janet Colaizzi, Herold Schechter, Joel Norris, Robert K. Ressler, além de outros inúmeros profissionais da área da psicologia para o desenvolvimento dos conteúdos e percepções psicológicas da obra.

O livro possui uma linguagem complexa e algumas vezes maçante, por ter um desenvolvimento desacelerado, porém não afeta a grandeza da obra de Caleb Carr, com a obra narrada em primeira pessoa por John Moore, um personagem gentil e sentimental que contém um passado repleto de infelicidades, características de um personagem que traz grande identificação com seus leitores.

Na trama, John recebe o convite do comissário da polícia Theodore Roosevelt para fazer parte de um grupo, liderado pelo célebre Dr Kreizler, cujo objetivo é capturar o abominável serial killer que age em New York, e a partir deste acontecimento os personagens são desenvolvidos de forma complexa e envolvente, mantendo o estilo soturno e denso da trama, na qual, conforme a leitura, poucas pistas vão surgindo sobre o misterioso e macabro assassino a cada capítulo, e mesmo de maneira mínima, todas elas se tornam fundamentais com o avanço da história, trazendo muita análise criminal, diálogos intelectuais e claro, romance policial.

O livro foi adaptado para a plataforma da Netflix, na qual o gênero é respeitado, porém, como sempre alguns fatos do livro são modificados, mas ainda é uma ótima recomendação para quem gosta do gênero, como “Criminal Minds”, “CSI” e etc. Porém sem a tecnologia favorecendo a trama, tempos antes dos exames de DNA e com a construção dos assassinados suavizada e personagens mais romantizados.

Por fim, o livro é rico em detalhes, perfeitamente construído e desenvolvido. Não há como não se relacionar com os personagens e temer o assassino, trazendo um tom perturbador pelo trabalho complexo da psicopatologia forense e do envolvimento com a ciência criminal de modo praticamente didático. Sinceramente eu adoraria ter uma tarde de conversa com o autor Caleb Carr depois de ler as suas outras obras na esperança de que mantenha essa mesma magnitude em suas tramas.

Bruna Luciana Valle é acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

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