
Livros digitais nada mais são do que arquivos de texto em algum formato que possa ser lido seja em telas de computador, tablet, smartphones e, principalmente, os e-readers, os dispositivos específica para a leitura digital.
Há que considere como “livros digitais“ somente essa última categoria, isto é, os arquivos que são feitos para serem lidos em um dispositivo específico para leitura digital, como por exemplo o Lev, o Kobo ou o Kindle (todos já foram analisados nesse site!).
Com foco nessa última opção, proponho uma classificação em relação a estrutura dos livros digitais, os e-books. Sobretudo os que circulam livremente nos websites de download. Embora não sejam muitos os websites onde se possam encontrar livros nos formatos “e-pub” (para Lev e Kobo) e “mobi” (específico do Kindle) para download gratuito, existem milhares de títulos para baixar. Muitos sites trabalham apenas com livros efetivamente permitidos, isto é, aqueles que já estão livres de copyright e, por isso, não se constitui nenhuma infração o download e compartilhamento dos mesmos. Outros websites, contudo, disponibilizam livros de forma não legal, violando regras internacionais de copyright. Nesse caso, é temerário divulgar esses endereços, sob pena de estar compactuando com a divulgação ou incentivo à pirataria.
Em todos os casos, seja no download liberado ou não, tenho observado três níveis básicos de classificação que desejo compartilhar (legalmente!) com os distintos leitores.
Na era digital, se pretendemos publicar ou editar um livro, basta ter acesso a um computador. Daí escreve-se ou transcreve-se o texto de origem e é só dar forma ao produto final. Certo? Sim! Mas mesmo na era digital, alguns aspectos diferenciam muito a qualidade de um livro que se apresenta à frente de um ávido leitor.
Livros digitais editados profissionalmente apresentarão, obrigatoriamente, diagramação perfeita sem quebras indevidas de parágrafos, texto exatamente fiel ao do autor, ou de uma determinada edição impressa, da qual é geralmente derivada. E não se trata de uma simples adaptação, e sim de uma “transcriação”, isto é, a escrita de forma a encaixar-se perfeitamente na nova mídia (o e-book reader). Isso inclui notas de “rodapé” inteligentes, que abrirão janelas quando tocadas pelo leitor, mantendo o texto na posição de leitura, sumários adequados, escalabilidade de texto, fonte, etc. De tal forma a garantir a melhor experiência de leitura possível. É o que se espera de um e-reader comprado na Amazon, Saraiva ou Livraria Cultura (para ficarmos apenas com opções disponíveis no Brasil).
Mas na internet encontra-se de tudo. O “fóssil” dos e-books certamente é a famigerada “apostila”, texto digitalizado de um livro impresso e gravado diretamente em um PDF. Existem milhares dessas excrecências para download. É quase impossível ler isso de forma digital. Quando muito, baixam-se esses conteúdos para imprimi-los novamente e aí ler o que der…
Além desses tipos de PDF, existem outros, natos e, portanto, estruturados em textos e capítulos. O formato PDF ainda é o mais utilizado em termos de documentos eletrônicos, mas é impróprio para a leitura em e-readers. Não é escalável, sendo útil para diagramação requintada, semelhante a de documentos impressos, mas, por isso mesmo, ruim para a leitura nas telas pequenas de 6” da maioria dos e-readers. Muitos desses podem ser convertidos para formatos de texto puro (compatível com e-readers) mas geralmente provocam as irritantes quebras de parágrafos, pois no momento da conversão, cada final de linha do texto original em PDF é percebido com um fim de parágrafo. Existem muitos ebooks para download nessa categoria. A resultante, nesse caso, sempre é um arquivo truncado, sem notas de rodapé adequadas e sem os demais recursos cuja ausência provocam uma experiência de leitura muito ruim.
Por fim, temos os “bons samaritanos” da rede. Pessoas que simplesmente digitalizam livros (livres de copyright ou não) e os disponibilizam em websites de compartilhamento de arquivos. Alguns possuem qualidade próxima a de profissional, outros ficam abaixo da crítica. Também podemos incluir nessa categoria, os livros que possuem algum tipo de “co-autoria” dos seus leitores, como por exemplo, traduções não consentidas e alterações puras e simples dos textos originais. Nesse caso, o leitor fica sem saber se aquele texto é ou não fiel ao livro original impresso.
Concluindo, divulgo a minha “classificação” conforme à produção, forma, e não conteúdo dos livros.
Classificação de e-books: (válida somente para arquivos compatíveis com e-readers)
Classe 1: Livros compilados livremente sem muita técnica e apresentando todo o tipo de problema na diagramação e estrutura. Resultam em uma experiência de leitura muito ruim. Não recomendo a leitura!
Classe 2: Livros compilados seguindo regras mínimas de diagramação e estrutura de texto. Podem apresentar falhas esporádicas, mas é raro. Seu maior problema é a autenticidade dos textos, pois não são homologados por editoras e seus autores. A maioria é de compilações domésticas de obras de domínio público.
Classe 3: Livros compilados por editoras e que apresentam diagramação profissional e exploram todos ou a maioria dos recursos dos e-readers. Geralmente são de uso restrito, mas podem ser encontrados facilmente na internet para download não autorizado (pirataria). Ou, mais corretamente, podem ser comprados para serem utilizados por usuários em seus e-readers.
Recomendo, portanto, sempre a leitura de e-books de “Classe 3” em seus e-readers. Mesmo nessa classe, estão disponíveis nas principais editoras, livros gratuitos. E há também ofertas de livros baratos (menos de 10 reais).
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