A minha participação na FM UFMS 99,9 e o leitor em meios digitais de MS

Fui na terça feira, dia 06 de fevereiro de 2018 aos estúdios da FM UFMS 99,9 para, ao vivo, falar com a competente jornalista Lynara Ojeda sobre leitura em meios digitais e sobre este website. Já é a segunda vez que participo do Extensão e Pesquisa, comandado pela jovem radialista da FM universitária. Da primeira vez, falei sobre os cursos da UFMS na modalidade EaD, uma vez que trabalho no setor relativo a essas atividades nessa universidade e meu doutorado versa justamente sobre esse assunto.

É sempre uma alegria estar na FM UFMS. Seja porque estou em Campo Grande desde 2006 e já naquela época sonhava com o momento em que a UFMS teria sua própria emissora, fato que ocorreu apenas há alguns anos, seja porque gosto do ambiente de rádio, uma vez que meu pai, Tácito Lima, era radialista e eu cresci em meio a estúdios e microfones.

Lynara, como boa repórter que é, fez sua lição de casa e abordou as principais questões que tenho discutido aqui: copyright, o destino do livro impresso, o futuro dos ereaders, o perfil do leitor contemporâneo, etc. Deixamos em aberto mais participações em outros espaços da emissora. Espero que os ouvintes tenham gostado.

Recebemos algumas perguntas no ar, a mais interessante   justamente porque não tenho resposta para ela, foi: “Como você avalia o estado atual do leitor em meios digitais no MS”? Há várias maneiras de se responder isso e, no ar, pego de surpresa, pensei na cartografia do ciberespaço, que difere da geografia físico-espacial e, portanto, tem formas diferentes de ser mensurada. Pensando nessa questão agora, posso também pensar na geografia física. O Mato Grosso do Sul tem 79 municípios. A grande maioria, cerca de 70, não vai muito além de vinte mil habitantes. As condições da rede física (internet) são precárias na maioria desses municípios. Conheço esses dados por força da minha atuação na EaD da UFMS. Sei, por conta disso, que os moradores desses municípios têm dificuldades reais de acesso ao ciberespaço. Creio que muitos sul-mato-grossenses talvez não contem ainda com serviços pagos de streaming de vídeo, como o Netflix e o Prime, da Amazon, que estão em franca popularização no país.

Acredito, ainda pensando sobre a questão do ouvinte, que o “leitor em tela” surge a partir de um contexto onde o acesso aos meios digitais seja parte do seu cotidiano, junto com o acesso aos livros impressos. Dessa forma, o “leitor em tela” não seria uma anomalia ao sistema, apenas uma subcategoria de leitor, onde a categoria dominante é, e será por muito tempo, o “leitor em material impresso”.

Mas voltemos ao foco: como estaria a participação do “leitor em tela” no MS? Se pensarmos pelo número de livrarias e bibliotecas no estado como elementos da formação de leitores, provavelmente não estamos bem. O estado tem poucas livrarias e a grande maioria delas está na capital. Por outro lado, justamente essa dificuldade de acesso poderia ser um elemento impulsionador para o “leitor em telas”. Eu vivi boa parte da minha vida em Três Lagoas. Mesmo sendo uma das maiores cidades do estado, possuía poucas bibliotecas e nenhuma livraria (essa informação é de 2006, época em que me mudei de lá). Livros comprávamos em banca de jornal ou papelaria quando tinham. Sendo assim, o e-commerce, tornou-se uma realidade presente assim que a internet se consolidou no país e na cidade. A questão é saber se pessoas com pouco acesso a livros físicos se veriam impulsionados a tornarem-se clientes de livros digitais por morarem em locais com poucos recursos. Oi ainda, se é possível que a leitura em meios digitais seja capaz de atrair a não leitores, pessoas sem o hábito da leitura intensiva.

Como já expliquei nessas páginas, meu website é feito pelo Adobe Muse e é hospedado em nuvem pelo serviço Adobe Catalyst. Esse serviço dá um feedback completo de locais de onde partiram acessos. Logicamente não tenho nomes ou endereços, mas o sistema mostra de quais cidades do mundo (isso mesmo, do mundo!) recebi visitantes. Alegro-me em saber que uma boa parte está aqui mesmo no MS. A cidade em que tive mais acessos foi, sem surpresas, Campo Grande, onde resido e trabalho, a número dois (do Brasil!) foi Cassilândia, onde a UFMS não tem cursos presenciais nem a distância. Portanto eu não tenho contatos físicos por lá. Eu conheço Cassilândia. É uma cidade pequena, mas sua população é muito suscetível ao que acontece em São Paulo e o contato com aquele estado é intenso. Minha suposição é que nossos leitores de lá estejam interessados nessas tecnologias como forma de encurtar a distância e facilitar o acesso às novidades livrescas. Também recebemos acessos de Dourados, Bela Vista, Jardim, Três Lagoas e Aquidauana. E acessos em cidades de Mato Grosso e de cidades de outras regiões do Brasil e do mundo (vejam o infográfico).

Observem que não estou falando de milhares de acessos. Apenas de algumas centenas de acessos e visitas que se espalham Brasil e mundo afora. Tive até o momento 250 acessos vindos dos Estados Unidos (tenho alguns parentes por lá, tudo bem…), uns 50 da Europa (conheço muito pouca gente por lá. Turistas daqui?) e por aí vai.

Finalizando essas divagações, percebo que há um mar imenso para ser pesquisado no universo da “leitura em telas”. Os motivos que levam uma pessoa residente em municípios pequenos a procurarem informações sobre ereaders e o universo da leitura digital são os mesmos que os dos leitores metropolitanos? Pessoas sem o hábito de leitura poderiam tornarem-se leitores diretamente em meio digital, sem uma vivência livresca impressa anterior? E por aí vai.

Sejam quais forem os motivos que levam as pessoas a procurarem a leitura de livros em meios digitais, o fato é que estamos apenas no começo desse processo. Há um grande caminho para se trilhar.

Em tempo: um grande abraço para o pessoal de Cassilândia!

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A cidade com maior número de acessos a este website é Cassilândia! Bom pessoal da terra do “Cassinho”, qualquer dia vou até aí para agradecer. Gostaria muito de receber algum e-mail de vocês sobre suas experiências em leitura digital. Grande abraço!

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